Que as mulheres estão dominando espaços que eram considerados essencialmente masculinos não é novidade há muito tempo. O fato é que elas estão fortalecendo cada vez mais sua atuação no mercado e tornando-se protagonistas em diversos segmentos. Elas ocupam posições de destaque no governo, universidades, organizações de pesquisas, grandes corporações e não poderia ser diferente no cenário do agronegócio.
Não é à toa que elas estão ocupando cada vez mais cargos estratégicos e estão no topo de grandes corporações. As mulheres são detalhistas, determinadas, transmitem segurança, se destacam em diversas funções e têm grandes habilidades para atuarem como líderes.
A presença delas no segmento vem crescendo expressivamente. Para se ter uma ideia, atualmente, as mulheres representam 42% do setor, com crescimento significativo nos cargos de liderança, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta edição você vai conhecer algumas líderes que se destacam no cenário do agro em diferentes cargos em empresas renomadas.
Experiência inédita
A líder da Divisão Crop Science da Bayer no Brasil, Malu Nachreiner, conta que entrou na empresa como estagiária no último ano do curso de Engenharia Agronômica, há cerca de 18 anos, em um programa para formar RTVs (Representantes Técnicos de Vendas). “Minha primeira posição nessa função foi em Santo ngelo (RS), uma experiência e um desafio totalmente inéditos para mim. Ao longo da minha carreira, sempre atuei muito próxima à área comercial (Vendas, Marketing e Gerenciamento de Produtos) com responsabilidades no Brasil e América Latina. Nesse período, tive a oportunidade de liderar projetos e negócios de grande impacto na organização, como é o caso do modelo que temos para sementes de soja”.
A executiva ressalta que antes de assumir o cargo atual teve o desafio de atuar como líder de marketing da Divisão Agrícola da Bayer para a América Latina, onde viu de perto a evolução do setor e dos negócios da empresa rumo a um agronegócio mais sustentável, inovador e digital. “A experiência como um todo tem sido um presente. Se por um lado ainda não é comum vermos mulheres ocupando posições de liderança no mercado, nos mais diversos segmentos, por outro temos visto um avanço importante desde que comecei, com uma presença feminina crescente no nosso setor”, observa Malu.
Ela afirma que tem orgulho em representar a força de tantas mulheres que fazem a diferença no agro e é grata ao apoio que recebeu nessa caminhada. “Grande parte de qualquer conquista é fruto do esforço coletivo e do trabalho com colegas, líderes, clientes e, no meu caso, da importância que a empresa dá ao tema da diversidade, não só por ter mulheres na liderança, mas por agregar todo tipo de diversidade – racial, diferentes idades, crenças, orientação sexual”.
Para a executiva, as mulheres que atuam no agro acreditam no poder da diversidade. “Temos uma missão coletiva de promover uma agropecuária mais diversa e inclusiva, por isso, estimulamos mulheres a ocuparem mais espaços neste setor. É isso que fazemos ao reconhecer agricultoras em iniciativas como o Prêmio Mulheres do Agro, em parceria com a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio)”.
Ao reconhecer a importância do crescimento da participação feminina no mercado do agronegócio, Malu menciona uma pesquisa feita pela Bayer em 2019. Entre outros pontos, o estudo apontou que a mulher do campo reconhece que possui uma visão holística na hora de liderar, que tem uma preocupação especial com sustentabilidade, tecnologia e com a sucessão familiar - aspectos importantíssimos para o agro.
“Sabemos que há obstáculos para a maior participação feminina, como o fato de quase metade (45%) das mulheres terem declarado que já sofreram preconceito motivado por questões de gênero, segundo levantamento da Abag, porém, ter um ambiente mais diverso é benéfico em qualquer setor”, enfatiza Malu ao complementar que felizmente, as mulheres estão mais presentes na agropecuária brasileira, inclusive em posições de liderança, ainda que de forma gradual.
Para ela, o agro é apaixonante. “Não consigo enxergar um setor que tenha mais oportunidades em nosso país. É um setor que se transforma a cada dia, tanto do lado do consumidor - cada vez mais preocupado com alimentação, origem dos alimentos e sustentabilidade -, como do lado dos produtores rurais, cada vez mais conscientes, interessados em inovação, transformação digital e sustentabilidade. Por isso, é fundamental termos talentos diversos em todos os níveis para movermos a transformação no agronegócio brasileiro”.
